CartelAlém das atividades de transmissão, a Tykhe também faz sua aposta no dispositivo do cartel. Em termos gerais, um cartel se constitui a partir da reunião de algumas pessoas - entre três e cinco - em torno de um tema proposto por alguma delas, cada qual movida por uma questão própria formulada acerca de tal tema. Esse grupo escolhe uma (ou mais) leitura que guiará o trabalho e uma pessoa para ocupar o lugar de mais-um. A função do mais-um é a de garantir que a palavra circule entre os participantes do cartel, instigando o trabalho de cada um a partir da questão com a qual entrou e evitando o estabelecimento de mestria(s) no grupo, inclusive a que poderia advir de sua posição enquanto tal. O mais-um também entra com uma questão própria ligada ao tema do cartel e, assim, também trabalha a partir dela.
Trata-se, portanto, de um trabalho de leitura e elaboração de uma questão singular, mas não sem os atravessamentos de outras falas e outras questões neste processo. Ao final de um tempo (não há mínimo, mas estipula-se um máximo de dois anos), o cartel se dissolve e seus efeitos podem ser recolhidos através da produção de seus participantes.
A aposta da Tykhe, enquanto uma associação de psicanálise, no cartel se dá pelo entendimento de este ser um dispositivo fundamental na formação de um(a) psicanalista. Fundamental porque funciona a partir da tentativa de articulação de um saber possível a partir de uma questão e porque em seu próprio funcionamento dá lugar e consequência a esses atravessamentos (de) outros que constituem um percurso de formação.